A forma como enxergamos nosso corpo tem impacto direto na saúde emocional. A autoimagem corporal é construída desde a infância, influenciada por olhares familiares, comparações escolares, padrões de beleza e, hoje, pelo algoritmo das redes sociais.
Muitas vezes, deixamos de habitar nosso corpo com afeto — passamos a julgá-lo, controlá-lo ou silenciá-lo. Surge, então, uma guerra interna: queremos caber em moldes que não respeitam nossa singularidade.
Essa desconexão pode se manifestar como:
• Vergonha do corpo real
• Busca compulsiva por transformações estéticas
• Transtornos alimentares (como anorexia, bulimia ou compulsão)
• Baixa autoestima e isolamento
Da rejeição à reconexão
O caminho de volta ao corpo é também um caminho de reconexão emocional. Não se trata de “gostar do corpo a qualquer custo”, mas de compreendê-lo como espaço legítimo de existência, expressão e cuidado.
Na clínica, é comum trabalhar a história emocional que está por trás do corpo rejeitado: muitas vezes, ele carrega memórias de dor, abandono, crítica ou inadequação. Dar voz a esse corpo é libertador.
A psicanálise possibilita:
• Escutar as emoções por trás das dietas extremas ou do espelho odiado
• Entender o corpo como extensão da subjetividade, não como inimigo
• Construir uma relação mais gentil e realista com a imagem corporal
O corpo pede escuta, não correção
Todo corpo tem algo a dizer. Às vezes, ele grita através de sintomas: dores, compulsões, exaustão. Outras vezes, ele silencia — se contrai, se retrai, se esconde.
A proposta não é moldá-lo, mas escutá-lo. Não é sobre ter o “corpo ideal”, mas ser sujeito do próprio corpo.
Se você sente que sua relação com o corpo virou uma prisão, talvez seja hora de abrir esse espaço na escuta terapêutica.