Vivemos em um ritmo que ultrapassa nossos próprios limites. Acordamos cansados, passamos o dia com a sensação de que estamos devendo algo, e vamos dormir com a impressão de que faltou tempo — para trabalhar, descansar, viver.
Essa aceleração do tempo não é só uma impressão: ela é resultado de uma lógica social que valoriza a produtividade contínua, o multitarefa e a hiperconexão. O problema? Nossa mente e nosso corpo não funcionam em “modo rápido”.
📱 O tempo da mente x o tempo da máquina
O tempo subjetivo — aquele do sentir, do refletir, do elaborar emoções — não acompanha o tempo dos algoritmos, das notificações, dos prazos e da cultura da pressa. Quando tentamos viver nesse tempo externo o tempo todo, acabamos por nos desconectar de nós mesmos.
Essa desconexão pode se manifestar em sintomas como:
- Sensação de sufocamento, mesmo com a agenda cheia
- Ansiedade generalizada
- Irritabilidade constante
- Dificuldade de concentração
- Incapacidade de descansar genuinamente
🧠 Produzir sempre ou existir em paz?
A cultura da produtividade nos ensina que “parar é perder tempo”, mas o excesso de fazer pode esconder o medo de sentir. Muita gente, ao desacelerar, entra em contato com o vazio, a dor, a angústia — e por isso prefere continuar em movimento.
Na clínica, essa urgência muitas vezes aparece camuflada como “pressa para resolver a vida”, “ansiedade para dar certo” ou “culpa por não estar produzindo”. Ouvir essas urgências com cuidado é o primeiro passo para entender o que realmente está em jogo.
💬 E se o problema não for falta de tempo, mas excesso de exigência?
Talvez você não precise de mais horas no dia — mas de menos cobrança, mais presença e um pouco de silêncio interno. A psicoterapia pode ser um espaço para retomar o próprio ritmo, resgatar prioridades reais e reaprender a escutar o tempo da vida.